Alcantilada num íngreme cabeço da serra do Gerês, ergue-se a capela de S. João da Fraga. Anualmente, pelo mês de Junho, é aqui que acorrem os moradores de Pitões das Júnias, cumprindo uma tradição religiosa cuja origem se desconhece. Da mesma forma, não parece haver notícia de quando e por quem foi construída a capela.
O percurso é belíssimo mas exigente do ponto de vista físico, pelo que muitos optam por ficar num carvalhal – Porto da Lage, esperando o regresso dos mais ousados, para continuar a festa. Apesar de tudo, verificarmos com satisfação, que muita gente de meia idade ainda rompe pela serra acima até à capelinha.
A penúltima vez que assistimos a esta tradição foi em 25 de Julho de 1995, se não nos falha a memória, e pudemos este ano testemunhar que a tradição tem-se mantido, apesar da falta do saudoso “Zé do Outeiro” e do seu banjo.
Com excepção das viaturas TT que já estacionam no carvalhal, os foguetes continuam a ser atirados por mãos exímias, para que o grande anfiteatro serrano responda com o seu som inconfundível, muito embora uma ou outra cana tenha pretendido fazer-nos companhia.
O sacrifício comoveu o santo, que apesar de estar presente no Porto da Lage, abençoou-nos com uma grande chuvada, na altura mais importante da caminhada – o almoço!
Alguns TREPAMONTANHAS, já tinham até arranjado família de acolhimento, e conhecedores da habitual gentileza dos Pitonenses, serviam-se dos merendeiros sem cerimónia, passando ao “estreito” uma boa coxa de frango ou um naco do genuíno presunto transmontano.
Pois meus amigos, apesar da gula, a sorte esteve com eles, uma vez que regressaram de boleia à aldeia, enquanto alguns de nós tivemos de dar às botas, chegando ao café Celta, mais encharcados que cristão baptizado no rio Jordão.
Terminamos, esperando para no próximo ano cumprir de novo a tradição, sem bênção do santo, pois destes favores divinos francamente dispensamos.
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