domingo, 27 de março de 2011

Vila Verde - Marcha por terras com tradição.

Data – 2011/03/26

          Vila Verde brinda-nos com uma paisagem bucólica, que se estende desde as várzeas do Cávado e  Homem até à área montanhosa, onde os núcleos rurais se concentram e os vestígios da vida comunitária não foram de todo esquecidos. Talvez o termo Vila Verde, pretenda traduzir o casamento entre uma natureza cheia de vigor e bucolismo, salpicada de pequenos núcleos rurais com identidade arquitectónica e onde as tradições continuam a ser preservadas.
          Não é porém tudo, uma vez que neste belo território onde se forjam os “ Lenços dos Namorados” há imensas descobertas a fazer. Impunha-se um percurso que nos levasse não só a percorrer a paisagem e respirar a plenos pulmões, mas também a conhecer lugares que a Natureza se encarregou de fazer chegar até aos dias de hoje, carregados de tradição e história.
          Não é a primeira vez que caminhamos nestas paragens, o que facilmente se verificará, consultando o blogue, nem certamente será a última. Depois do  “Dente Santo de Aboim da Nóbrega”, do “ Castelo de Aboim” e do “ Fojo de Gondomar”, fomos de visita ao pequeno e rústico Santuário de Mixões da Serra, trepando as encostas da serra do Galinheiro, onde o vento, a chuva e o nevoeiro marcaram presença.
          É este o palco para uma tradição de cariz popular relacionada com a proteção do gado, pedido feito a Santo António pelos pastores das redondezas, quando a peste e os lobos dizimavam os rebanhos. Anualmente agricultores e criadores de gado, sobem a serra para a tradicional bênção, ritual que se cumpre no domingo anterior ao dia de Santo António.
          No final tivemos o convívio em Pico de Regalados, de cuja organização se encarregou o companheiro Pimenta. Recordamos que foi na freguesia de Turiz que nasceu em 1834, o famoso Abade de Priscos, inventor do famoso Pudim, reconhecido mestre entre os mestres da culinária.
          Por Mixões da Serra, passava a rota da Sardinha Salgada. Caminho perigoso, palmilhado por sardinheiros, contrabandistas e mais tarde pela emigração clandestina a caminho de França. Esteve muito activo durante o período da I Guerra Mundial e manteve-se até aos anos sessenta. Por ele, além da sardinha salgada, passavam-se produtos entre os dois lados da fronteira. Quem vinha da Galiza, fugia à fronteira da Madalena e fazia-se à serra Amarela, itinerário menos vigiado. 


sábado, 12 de março de 2011

Encostas de Mixões da Serra (encosta poente)

(Carvalheira – P. Dura – P. Maior – Mixões da Serra – Bezeguimbra – marco do antigo Couto – P. Dura – Carvalheira).


Extensão – 12,6 km
Data ----- 2011.03.10

          A nossa curiosidade centrava-se na encosta da margem direita da ribeira da Cabra.  Sabíamos que no dia da bênção do gado, há gente que segue os caminhos deste vale, para chegar a horas a Santo António de Mixões da Serra.
          Quem parte da portela, na zona poente da encosta, tem uma boa panorâmica dos contornos que este território adquire. Inicialmente predominam os lameiros e campos de cultivo. Quando chegamos à  meia encosta, verificamos que por todo lado há campos em socalcos, a que o vale da ribeira da Cabra não foge. Finalmente, ao subir mais um pouco, temos a zona de montanha, onde já não há socalcos e predomina uma paisagem granítica que em conjunto com pequenos bosques de carvalho e extensas áreas de giesta, que dão corpo ao ambiente de montanha. Muitos destes socalcos são ainda cultivados, pelos mais velhos, apesar dos indícios de abandono.
          A paisagem é sempre de vistas largas que se espraiam desde o Gerês à Peneda, com a Amarela por cima da estátua do Santo António, que coroa uma monumental escadaria junto á rústica igreja de Mixões. Por aqui passava a rota da sardinha salgada, que era trazida da Galiza pela raia seca do Lindoso. Nem todos se aventuravam neste percurso, só os mais destemidos sardinheiros, dado os perigos que espreitavam em cada volta do caminho, ou nas veredas mais íngremes. A ribeira da Cabra, forma um vale belíssimo com velhos caminhos, alguns em calçada, sendo frequente encontrar gente ocupada nos trabalhos agrícolas.