terça-feira, 30 de novembro de 2010

Serra d´Arga – No Reino da Pedra

(Cerquido, calçada norte, Sr.ª do Minho, Chã Grande, Chã das Sizedas, Fonte da Urze, Porta do Lobo, Penedo das Couves, moinhos do Covão, Reconco, Alto do Cavalinho, Cerquido)


Extensão – 15,8 km
Data ------- 2010.11.27


          Com limites físicos bem determinados pelo alinhamento dos vales de fractura do Lima, Coura e Minho, ergue-se o seu ponto mais elevado acima dos 800 metros, numa zona aplanada e granítica. Esta rechã é circundada por vertentes com acentuado declive, donde emergem consideráveis amontoados de blocos graníticos. O contraste entre o granito e o xisto, modela diferenças significativas na paisagem, que são perceptíveis para quem desce do topo da serra na direcção das Argas.
          Os que conhecem o itinerário efectuado, não deixarão de concordar com o título que lhe atribuímos, uma vez que esta zona está praticamente despida, encontrando-se um ou outro pinheiro solitário, que brota franzino e cheio de receio, no pouco espaço que as rochas lhe consentem.
          Em termos comparativos, a área ocupada pela “rocha nua“ em toda a serra, é sensivelmente igual à área da floresta mista e das folhosas, o que não é nada abonatório. Apesar disso, as turfeiras e cervunais, entre outras coisas, concorreram para o estabelecimento do sítio serra d´Arga (vale do rio Âncora e maciço da serra) da rede Natura 2000.
          Vai valendo ainda o que resta do que foi plantado na década de 60, pelos Serviços Florestais e que o fogo ainda não consumiu, considerando ainda que, a floresta espontânea é praticamente nula.
         O percurso sendo um dos clássicos da serra e mais do que conhecido, permite optar pelas duas calçadas que sobem aquela encosta. Escolhemos a calçada Norte ( arranca na última casa do Cerquido), mas também poderíamos ter subido pela que vem dos lados de Santa Justa, mais a Sul, no alinhamento do percurso que arranca de S. Lourenço da Montaria. Apesar do Sol, corria um vento frio e cortante de NE, de gelar os ossos, tendo-se juntado ao grupo durante toda a subida e travessia das chãs. Conseguimos fugir-lhe quando derivamos da  Fonte da Urze para a Porta do Lobo. Surpreendeu-nos de novo na descida da calçada medieval que termina nos moinhos. A partir daí, caminhamos com algum sossego até à antiga casa dos Serviços Florestais perto do Fojo do Cavalinho. Deste local até ao Cerquido, fez questão de nos servir de guia, por um caminho que mais parecia o leito seco de uma ribeira.
          Para sermos verdadeiros, só nos despedimos daquele frio gélido, no Taverna do senhor Horário, em Arga de Baixo, à custa da sua bebida artesanal.

 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Subida ao monte de Santo Ovídio – Miradouro da Ribeira



Extensão – Cerca de 9,6 km


Data ------- 2010.11.25

          Numa manhã solarenga mas fria, do mês de Novembro, dispusemo-nos a subir o monte de St. Ovídio. Este granítico cabeço em forma de cone, sobranceiro à margem direita do rio Lima, domina uma paisagem sublime, local de poiso obrigatório para quem gosta de apreciar a Ribeira Lima sem limites, e seus contrastes com as montanhas que a rodeiam.
          Havia porém o receio de que as obras da A27, tivessem passado à memória, alguns dos caminhos rurais desta zona, que são magníficos. Por cautela, pareceu-nos que a melhor solução, seria iniciar o percurso na terra do Conde da Barca – António de Araújo Azevedo (1754-1817) ministro plenipotenciário português na convenção europeia, que se realizou após a queda de Napoleão.
          Exceptuando a parte inicial, na zona mais povoada da aldeia onde reina o asfalto, os velhos caminhos apareceram e levaram-nos atravessar a A27, continuando até à pequena ermida românica do Espírito Santo, na freguesia vizinha de Moreira do Lima.
          A partir daqui, há um pequeno trecho de estrada alcatroada, que rapidamente se abandona para rodear a solarenga quinta da Carcaveira. Ultrapassada a robusta cerca, aponta-se ao caminho que serpenteia a encosta poente deste pião granítico, coroado pela capela dedicada ao santo. Perto do topo do monte, a estrada intersecta o caminho, obrigando-nos a percorrê-la mas por pouco tempo. Para os mais afoitos, encurta-se a caminhada final pela estrada se optarmos pelo trilho dos motoqueiros. Em boa verdade, a paisagem que se avista na parte final da estrada, suplanta o espírito montanheiro de quem optar pelo trilho.
          Chegados ao cimo, é obrigatória a visita ao penedo do cavalinho, perto do muro do adro, gravura rupestre com motivo zoomórfico, com origem provável na Idade do Bronze. Além disso, recomenda-se a visita ao sarcófago junto à fonte de mergulho. Depois vem a soberba paisagem que se abarca, se tivermos a sorte de lá estarmos num dia limpo.
          O local anima-se no dia do Espírito Santo, com os romeiros que sobem a custo, carregados com o farnel e as telhas roubadas que oferecem, como promessa. Como nem tudo é perfeito, bem perto assiste-se ao esventrar da serra das Antelas, onde se retira o granito, matéria-prima para a arte da cantaria e estatuária, ofícios com tradição nas Pedras Finas.
          Para o regresso optamos por um itinerário mais curto que desce a encosta e desagua nos limites da freguesia de Sá.