terça-feira, 20 de outubro de 2009

Serra Amarela

Mosteiro - Chã do Couto - Branda de Bilhares
Grau de dificuldade –Moderado

Extensão – cerca de 16,2 km
Data – 17 de Outubro de 2009





Voltamos à serra Amarela, numa época do ano em que os tons amarelados que a giesta, a carqueja e o tojo lhe conferem, já se esbateram. Os seus cotos largos e arredondados, abrigam extensas rechãs ocupadas há séculos pela pastorícia. Adquire porém, uma beleza singular, quer brilhando ao sol no pino do Verão ou carregada de neve após os nevões de Inverno.
O itinerário mais utilizado para chegar à branda de Bilhares é subir o íngreme “ caminho das cambas “ que serpenteia a encosta que separa os vales da ribeira da Carcerelha e do rio de Froufe. Não há grupo de montanhistas que não o conheça. Apesar de ser um excelente passeio, a tarefa é penosa para alguns. Uma alternativa para evitar o regresso pela estrada alcatroada é utilizar um antigo caminho que corre pela margem direita do rio de Froufe, depois da sua travessia numa rústica ponte.
Como já o conhecemos não estávamos para aí motivados, mas sim, para descobrir o caminho velho que ligava Mosteirô a S. Silvestre da Ermida, sertaneja aldeia da serra Amarela.
Merece uma visita o seu núcleo museológico, albergando a “Pedra dos Namorados”, a “estátua menir” e variados utensílios destinados às práticas agrícolas. Pretendíamos também não regressar pelo mesmo caminho, e daí termos dado um salto à Chã do Couto, zona de pastagem que se abriga em torno de um cabeço com o mesmo nome.


Os primeiros quilómetros, até ao cabeço da Penha são feitos em estradão, que logo se abandona para nos embrenharmos nos carreiros e atalhos da serra.



Ultrapassado o cabeço do Tombaril, seguem-se as zonas de pastagem nas zonas aplanadas, algumas abandonadas, utilizando os estreitos caminhos de pé posto. Com frequência as rechãs são polvilhadas com pequenos cabeços graníticos onde se amontoam ao acaso pesadas lajes, representando por vezes formas interessantes.




De pastagem em pastagem, chega-se à Chã do Couto, com o coto do Muro e a Louriça, sempre na mira.


Descemos para Bilhares atravessando as poldras do rio do Porto da Lage, subindo a partir do rio até às primeiras construções.


Esta branda agro-pastoril, cujas casas têm planta rectangular e duas águas está muito descaracterizada. Ainda a conhecemos com os telhados colmados, hoje substituídos por chapas de zinco, pelo que deixamos aqui duas fotos separadas por quase duas décadas.

Tudo indica que foi edificada num local ocupado desde o período romano. Em 2003 ainda havia um silhar em pedra almofadada numa das rudes construções, facto que desta vez não conseguimos descortinar. Talvez quem sabe, tenha sido levada por alguma ave de rapina ou pela raposa matreira…


O regresso fez-se pelo caminho velho, passando junto à cabana do Cerqueira, sempre por sul do caminho de ida.



Com algumas hesitações lá fomos identificando o velho caminho, chegando a Mosteirô ainda a tempo de vermos um ou outro canastro, alternativa ao espigueiro nos lugares da ribeira, onde a pedra não abundava.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Brandas da Serra da Peneda

( Soajo e Cabana Maior )

Grau de dificuldade - Moderado
Extensão - cerca de 14,3 km
Data - 03 de Outubro de 2009



Quem conhece a serra, está habituado a mudanças frequentes nas condições climatéricas, pelo que foi sem estranheza que a neblina, nossa companheira desde Viana até Mezio, desse lugar a um belo dia para caminhar.
Partimos da antiga branda da Travanca (pertença do lugar de Bouças Donas) hoje transformada em parque de campismo. Subimos pela antiga calçada até aos Currais Velhos. Nesta calçada e na encosta por onde rompe, assiste-se a uma infestação progressiva pela giesta, cuja erradicação deveria fazer parte das preocupações do PNPG..


Continuámos até a uma pequena rechã que recebe o muro que vem do Guidão. Esta construção deve-se às populações serranas, para evitar que o gado invadisse os terrenos florestais, ficando sujeitas a pesadas multas.



Derivámos então para SE no sentido de visitarmos a branda da Cova.


Em tempos mais recuados, quando havia transumância, o gado do Soajo, a partir da época das sementeiras, era conduzido para esta branda pastando nas suas imediações até ao dia de S. Bento. A partir desta data, os brandeiros deslocavam-no até às rechãs da Peneda, pastando até aos finais de Agosto, regressando de novo à branda. Um direito muito antigo, obrigava as outras aldeias da serra a retirarem o gado da cumeada, para o pastoreio dos do Soajo.
Actualmente não será assim, mas ainda havia bastante gado, que curiosamente veio ao nosso encontro, talvez por estar habituado à presença dos pastores. Além da cabana principal "dotada de algumas comodidades ", há imensas cabanas abandonadas com o tecto em falsa cúpula e as respectivas bezerreiras. O desmoronamento devido à intempérie e o abandono, são os sinais mais visíveis dos tempos que vivemos. Proliferam na zona e na encosta do Guidão diversos blocos graníticos com fracturas poligonais e outros de maiores dimensões apresentando fenómenos de pseudo - estratificação, aspecto que não nos passou despercebido.


Seguimos para a branda dos Cobernos por carreiro antigo que nos leva às cabanas, onde fizemos uma paragem para recuperar forças e observar as brandas que ficam na margem direita do Rio Grande (mais à frente toma o nome de Ázere). A cabana principal adaptada numa lapa, está em muito más condições, salvando-se as que ficam sobranceiras àquilo que seria um excelente bosque de cedros, se não tivesse sido chamuscado no último incêndio.


Depois da foto do grupo, partimos a meia encosta para a branda da Bragadela, pertencente ao lugar de Bouças Donas da freguesia de Cabana Maior. Caminho não há, mas o percurso faz-se entre mato rasteiro e pequenos rebentos de urze ou giesta, alternando com lages e blocos graníticos, referenciado por alguns mariolas. O que se pode ver do caminho é magnífico e vale bem o esforço dispendido. A encosta virada à branda tem zonas muito carregadas de giesta, pelo que optamos por subir para nascente até passarmos com mais facilidade as linhas de água que alimentam o futuro Ázere.

Ultrapassada a branda atravessamos o rio e atalhamos para o estradão florestal que liga a portela do Mezio a Lamas de Mouro. Passamos à ilharga do Bicos, muito perto das brandas da Piorneda, Chã da Portela e Burzavó.

Nos cortes do estradão florestal, na descida para a Burzavó, pudemos observar depósitos de origem periglaciar, denunciando que esta zona esteve na periferia da glaciação da serra. Terminámos na Travanca já com o tempo a mudar para chuva, facto que se concretizou cerca de duas horas mais tarde.