segunda-feira, 25 de julho de 2011

Serra da Peneda - Marcha de Travessia

Etapa – Peneda – Sistelo



Extensão – cerca de 23 km
Data ---------- 2011/07/23

            No imaginário do povo do Alto Minho, há um carinho muito especial pela Senhora da Peneda. Nos momentos mais difíceis da vida, o povo recorre à proteção desta santa milagrosa, transformando o santuário num dos mais concorridos do norte de Portugal. Os vizinhos galegos, nomeadamente os da raia seca, dedicam-lhe também uma grande devoção. Nos tempos que correm, outros romeiros têm procurado o mesmo local, quer para a prática da escalada quer à descoberta dos trilhos que abundam pelas redondezas. Por isso, ninguém se espante, se encontrar no adro daquele santuário ou na imensa escadaria, romeiros, escaladores e gente da caminhada em perfeita convivência. Embora os locais de culto sejam vizinhos, não apresentam porém grandes afinidades. Foi este o local donde partimos para a segunda etapa da travessia da serra, cujo percurso marcado não foi religiosamente seguido. No intuito de reduzir caminho, evitamos a passagem por Lamas de Vez e o caminho que desde o Furado, segue sobranceiro ao rio Vez.
            Juntou-se ao grupo um rafeiro local, prontamente batizado pelo nome de “Pirolito”. Cheirou, tornou a cheirar, andou de volta e sem pedir autorização, adotou-nos. Subiu na nossa companhia a íngreme calçada até à represa da Chã do Monte, verdadeiro “rebentão” , como o de Santa Maria de Bouro. Continuamos pelo velho trilho entre a Pedra Rajada e o Penameda, primeiro pela zona aplanada e mais à frente iniciando a descida às poldras do rio Pomba, que rompe por um magnífico vale. No rio, o canídeo resolveu tomar banho, para gáudio do grupo. Continuou, mostrando-nos o caminho até S. Bento do Cando. Impaciente com o nosso reduzido andamento, esperava-nos ou retrocedia, quem sabe para ter a certeza de que não nos tínhamos perdido. No Cando, secular local de paragem obrigatória dos monges que se dirigiam ou procediam do mosteiro de Fiães para o do Ermelo, efetuamos a primeira paragem, no café local. Ou porque ninguém lhe tivesse dado de comer, ou porque excedia a partir dali o seu raio de ação, o “Pirolito” desapareceu, sem se despedir do grupo. Ninguém mais o viu. No regresso ao parque do santuário, onde fomos buscar as viaturas, procuramos de novo, mas não havia sinais do nosso “amigo”.
            Continuamos até à branda das Buzegalinhas, onde a azáfama nos pequenos prados era intensa, recolhendo-se o feno. Em conversa com a gente da branda, certificamo-nos de que poderíamos reduzir uns quilómetros ao percurso. Numa sombra perto do estradão florestal que vem do Batateiro, paramos para almoçar. Evitando a passagem por Lamas de Vez, e também parte do caminho que vai à branda do Real pela Garganta de Eiró, atalhamos, passando o Vez mais para jusante, nas poldras do Calcado. Após um breve corta mato, encontramos de novo o caminho “oficial”, poupando cerca de 3 km.
            A branda de Real está há muito abandonada, mas algumas das suas cabanas são diferentes de todas as outras da serra da Peneda. Escolhemos a mais sugestiva e em melhor estado, para a foto do grupo.
            Seguimos para o Furado tendo por companheiro a parte glaciar do vale do rio Vez, avistando-se durante muito tempo as moreias laterais e também as brandas da Aveleira e St. António de Val de Podros. No terraço lateral dos Lameirões, junto a uma fonte, aproveitamos para encher os cantis e descansar.
            Optamos, por utilizar o caminho que liga à Costa do Salgueiro, fugindo de novo ao percurso marcado. Sobe-se à ilharga do Alto da Preguiça, e depois da travessia da linha de água que nasce perto daquele outeiro, continua-se por uma zona aplanada, rocha nua de granito antigo e pouca vegetação, até à Costa do Salgueiro.
            Muito perto está a branda da Lapinheira, onde os trabalhos agrícolas decorriam a bom ritmo. Finalmente ouvimos um carro de bois com o eixo a “cantar”, o que não é fácil encontrar nos dias que correm. Avançamos pelo caminho, até encontrar de novo o trilho marcado, que seguimos através de Porta Cova e Padrão, para terminar no Sistelo.
            Regressamos à Peneda para recuperar as viaturas que lá deixamos, confraternizando no restaurante – O Borralho – situado na antiga vila do Soajo, onde ficou definitivamente demonstrado - que quem não é para andar também não serve para comer e muito menos para Trepamontanhas.









































terça-feira, 19 de julho de 2011

Serra Amarela – Do Bugalhedo à chanfana do Lindoso.




Extensão – cerca de 10 km
Data ---------- 2011.07.16

          No lugar do Castelo da freguesia do Lindoso, realizou-se mais uma vez a festa da malhada do centeio, preservando-se desta forma antigos usos e costumes agrícolas. Levada a cabo na eira comunitária, rodeada pelos 59 espigueiros, é uma excelente forma de reavivar a memória das antigas práticas agrícolas e possibilita um convívio fraterno entre naturais e forasteiros. Não faltaram ainda os bombos, as concertinas, ferrinhos e castanholas para animar o baile, dirigido pelo tradicional mandador.
          Avisados da data por gente amiga, arranjou-se uma pequena caminhada até à branda do Bugalhedo de forma a regressarmos na fase mais animada… ou seja, quando a chanfana começa a ser servida. Porém, contra todas as estimativas e previsões, ao regressamos, deparamos que a tão apreciada chanfana já tinha desaparecido. Alguns lambões, que mal comeram ao almoço, perceberam desta forma cruel, que as recomendações da “troika” já tinham chegado ao mundo rural! Tivemos de nos contentar com um copito de tinto e uma pequena porção de aletria, como sobremesa. O chegar e pegar no prato, acabou meus amigos… porque a crise toca a todos.
          Da parte da manhã fomos até à branda do Bugalhedo. O objetivo era assar umas chouriças e fazer tempo até chegar a hora da festa na aldeia. Os mais fundamentalistas, pretendiam apenas dar duas voltas à aldeia e iniciar de imediato a paparoca, argumentando que as botelhas eram pesadas, e portanto a caminhada teria de ser curta. Um mais compreensivo, portador de um pequeno pipo, concordou depois de várias promessas, que aliás não se concretizaram, deixá-lo em paz e seguir para a serra. Os outros seguiram-no e foi assim que iniciamos a caminhada. Atalho onde nos metêssemos, provocava de imediato um chorrilho de críticas vindas dos mais descontentes. Por fim, lá se moldaram ao caminho.
          Quando atingimos a cabana do Bugalhedo, verificamos que se encontrava ocupada por outro grupo. À moda do rei fundador, fomos conquistando terreno. Primeiro, a espaçosa mesa em granito. Depois o grelhador e respectivas brasas. Em seguida a nascente de água fria, para refrigerar os vinhos verdes, deixando-os entretidos com o frango. Por fim, ainda nos trouxeram o lixo nas pick-ups, incluindo as garrafas vazias, sem dúvida o material mais pesado, e que alguns ingénuos temiam regressar com elas intactas.
          Retrocedemos pelo bosque que se estende entre o caminho florestal e o ribeiro de Mulas até aos viveiros do Porto Chão. Ultrapassada a antiga casa da GF continuamos pelo bosque do Peixarrão, seguindo de imediato para o Lindoso pelos caminhos do Fojo.