segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010




In Memoriam de Jorge Sousa
14/02/2010



A  notícia surgiu de forma brutal, apesar dos amigos mais chegados estarem   a par da sua delicada saúde. Acalentávamos porém uma réstia de esperança de que ainda fosse possível o milagre.

Os mais atentos não deixaram de notar que já não nos acompanhava com a frequência como o fez nestes últimos 8 anos

Amigo leal e dedicado, confidente e companheiro de longas jornadas, ao seu lado palmilhamos milhares de quilómetros. Deixa para sempre na lembrança a sua modéstia, a elevada cultura e  verticalidade nas decisões que tomava, mas também o trato fácil, o sentido de ajuda e a permanente alegria que chegava a todo o lado.

É pois com profunda amargura que o vemos partir. Permanecerá para sempre na nossa memória a  sua imagem inconfundível.

Descansa em paz companheiro. Jamais te esqueceremos.



O Montanhista















O Peregrino



 
  
 
 

  

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Por terras com tradição - Marcha dos Quatro Abades

                                                  Grau de dificuldade : Fácil
                                                  Extensão …………: 11,0 km
                                                  Data ………………: 2010.01.30



      Sobranceira a um verdejante vale, salpicado de pequenos casais, dispersos pelas férteis leiras agrícolas, ergue-se a “Mesa dos Quatro Abades”, assinalando os limites de quatro aldeias limianas.
O tempo não ajudou e o frio fez-se sentir na zona da cumeada, donde se avistam as serras da Peneda e Amarela, com as cristas tapadas pelas nuvens. A chuva embora não fosse desejada, abençoou a marcha, aparecendo da parte da tarde e afastando-nos do marco do Penedo Branco. O percurso foi-se fazendo pelos caminhos, trilhos e até a corta mato, cruzando-nos com um percurso marcado que coincidiu com o nosso, na parte final entre a “mesa” e o cruzeiro.
      A Mesa dos Quatro Abades era conhecida no século XVIII, mais precisamente desde 1755. Terá sido nesse ano, data em que o nosso país foi assolado por diversos tremores de terra, que os abades das quatro freguesias vizinhas ( Calheiros, Cepões, Bárrio e Vilar do Monte ) acordaram em encontrarem-se, para tratarem em conjunto dos problemas que mais afectariam as suas paróquias. No dia de S. Sebastião, partiam as procissões em honra do mártir pedindo ajuda para os males da peste, da fome e da guerra. As quatro procissões dirigiam-se para o marco limite daquelas freguesias, e os clérigos sentavam-se no banco correspondente a cada paróquia, discutindo as mais diversas matérias, facto que os obrigava por vezes a aconselharem-se com o seu povo (que assistia por perto). Esta tradição ficou esquecida durante muito tempo, como consequência da diminuição do seu peso social, substituídos nos tempos actuais pelos presidentes de junta. O logradouro foi reconstruído e um pouco mais tarde, por volta de 1988, recuperou-se a tradição mercê da iniciativa das freguesias, já com outros actores, celebrando-se no terceiro domingo de Julho de cada ano. O encontro actual é mais reivindicativo, onde os autarcas avançam com pedidos para colmatar as carências de cada freguesia, perante o edil que assiste imperturbável. Quando este coloca a mão no marco, respondendo aos pedidos e testemunhando o seu comprometimento, as suas últimas palavras confundem-se com os primeiros acordes das concertinas. A festa prolonga-se pela tarde para justificar o cabrito ou ao arroz de pica no chão, bem regados pelo tinto da região, que escorregando com facilidade, ajuda a construir esta participação de cidadania, para que a tradição se prolongue através das gerações mais novas.