Data................................................2012-07-01
Distância percorrida..............................+/- 14 Kms
Neste dia, o
primeiro domingo a seguir ao dia de S. João, festejam as gentes de Pitões das
Júnias o S. João da Fraga. A peregrinação começa bem cedo porque a caminhada é
dura e demora mais ou menos uma hora e meia. Para podermos chegar a horas a Pitões tivemos
de sair de madrugada porque demoraríamos umas duas horas e meia de viagem.
A nossa
chegada foi brindada com nevoeiro e frio próprios de dias outonais. O Oliveira
ia preparado para o calor e teve de recorrer ao agasalho que só a Anabela tinha
para dispensar. E lá vai ele de cor-de-rosa pela serra fora!!!
Como sempre na
descida da aldeia em direcção ao carvalhal do Porto da Lage a procissão dos
tractores é constante a levarem todos os utensílios necessários para o pic-nic.
E lá fomos descendo com as gentes locais e forasteiros falando com este e aquele
que por nós iam passando e ouvindo os piropos que mandavam ao Oliveira por ir
de cor de rosa.
Contrariamente
ao passado ano, nenhum “sherpa” ficou no carvalhal para deixarmos as pesadas mochilas
pelo que tivemos de as carregar até ao cima da fraga.
Passado o
carvalhal começou a difícil subida até ao ponto branco, que é a capela de S.
João da Fraga, alcantilada no cabeço pontiagudo que domina uma vasta área da
Serra do Gerês. Aí fica um dos poucos miradouros com vista a 360º.
Chegados à
fraga já o madrugador S. João se encontrava no altar, bem como a Mordoma que,
com a sua bengalinha, chegou ao alto
primeiro que nós. Esta é a gente que eu me acostumei a conhecer desde pequeno e
para quem não existem as palavras “dificuldade ou impossível”.
Como todos os
anos, a capela está imaculadamente caiada e todos esperam que aquele sr. de
Barcelos que todos os anos a vai pintar continue a fazê-lo por muitos e longos
anos.
No pequenino
“adro” ouviu-se a missa e aí pude lembrar o saudoso “Zé do Outeiro” sentado
numa pedra a tocar o seu velho banjo para acompanhar os cânticos religiosos.
Terminada a cerimónia e como manda a tradição fez-se a procissão em volta da
capela com as habituais 3 voltas. Como aqui não há andores o santo anda sempre
ao colo. Agora e como a descida é difícil a veneranda mordoma entrega o S. João
ao mordomo mais novo (que certamente também o fez chegar ao alto fraga) e lá vai
o Santo pelo fraguedo abaixo, com pressa para chegar ao carvalhal e aí assistir
em local privilegiado ao pic-nic dos
forasteiros e gentes da terra.
Quando lá chegamos
já as fêveras, barrigas, frangos, enchidos e tudo o mais que possamos imaginar
estavam em plena guerra com as brasas.
Aqui notamos a falta do Chakall !!! Esperamos não lhe marcar falta para o
próximo ano.
Sabedores da gentileza daquelas gentes e com a devida
autorização, ocupamos os braseiros, para darmos a devida luta ao que levamos. Aí
ainda encontramos velhas amizades que já se dispunham a oferecer-nos tudo do
que tinham. São assim estas gentes, a princípio põem-se de lado, olham
desconfiados e passado um minuto até oferecem o coração. A Anabela tratou da
boroa de milho e os homens foram tratar dos assados. O vinho estava fresquinho
e escorregava para matar a sede que nos atormentava. Pelo grupo das concertinas
começaram a ecoar as modas regionais que por cortesia tocou junto de cada grupo
que estavam no pic-nic. Talvez seja a forma de nos dar as boas vindas e nos
dizer em forma músical “para o próximo ano contamos convosco”.
Comemos e bebemos bem e agora teríamos de, embora muito
contrariados, vencer a penosa subida e
as oito curvas do caminho para a aldeia.
E lá se foi quase todo o almoço com a
subida mas havia ainda o quase pelo
que para o eliminarmos teríamos ainda de ir ao Forno Comunitário, à Cascata e
ao Convento de Sta Maria das Júnias.
No Mosteiro ainda continuam no mesmo lugar as tabuletas
com a informação de: “Ruína instável – Perigo de desabamento”. Ninguém fez mais
nada. É o típico tratamento à portuguesa e o cuidado que os responsáveis dão ao
património que não é deles mas sim de todos.
“Põe-se a tabuleta e deixa-se cair!!!”.
Agora teríamos de nos debater com a “alheira à Preto” e
partir porque já se estava a fazer tarde. Como todos dizem cor ar triste “viemos da festa” nós diremos “para o próximo ano cá estaremos”.
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