Extensão - cerca de 14,5 km
Data ----- 2010.09.04
A última visita a estas brandas data de 1996, numa altura em que eram ainda utilizadas pelos rebanhos. Um deles ultrapassava as 1.000 cabeças conduzido por uma antiga brandeira, mas já nessa altura, na zona a poente dos Bicos, os rebanhos não pernoitavam na serra. Ainda ouvimos o toque do búzio, aviso entre pastores que significava a presença do lobo nas imediações. Actualmente estas brandas pouca ou nenhuma utilização terão, pelo aspecto de abandono que apresentam, facto que já era visível na de Avelar há um bom par de anos.
O nosso percurso teve início e fim no lugar de Bostelinhos nas abas da serra da Peneda e desenvolveu-se paralelamente ao regato com o mesmo nome até à branda de Bostejões, que pertence a Carralcova. O trilho junto ao regato está tapado há anos, mas utilizamos o de meia encosta que foi limpo há semanas por causa do incêndio que lavrou desde aquela aldeia, até à sua margem esquerda. Atravessado o regato, fomos inflectindo para W de forma mais evidente a partir de Soengas para conseguirmos chegar à última branda a visitar.
Este percurso tem ainda outros atractivos para além das brandas e dos seus abrigos, nomeadamente os bosques de "pinus sylvestres", espécie autóctone do PNPG e que se adapta bem às baixas temperaturas, bem como os núcleos de "camaciparis", talvez a árvore mais plantada no Parque Nacional, servindo de abrigo aos animais. Pena é que o vidoal ripícola do regato de Bostelinhos tenha desaparecido com o incêndio de Agosto último. Pelo caminho, também encontramos além dos urzais-tojais resultantes da degradação dos carvalhais e algumas turfeiras,onde há uma grande cobertura de musgos e quase sempre uma nascente por perto. A partir do Fojo da Cabrita ainda é possível observas alguns fenómenos de pseudoestratificação do granito e ainda rochas com fracturação poligonal.
Atravessada a branda de Bostejões, subimos para o Fojo da Cabrita e daqui continuamos até ao ribeiro do Arroio. A cota mais elevada, para nascente, fica o abrigo do Brialho. Construído pelas gentes da Lombadinha e Carralcova, para vigiar e impedir que o gado invadisse os terrenos florestais, sujeitando-se a pesada multa para as suas débeis economias. Não muito longe, arranca a calçada dos Bicos utilizada pelos romeiros para chegarem à Senhora da Peneda. A primeira branda que nos aparece depois da travessia do ribeiro é a de Albar, mas a mais característica é a de Soegas. Nela continuam de boa saúde dois abrigos pastoris, em falsa cúpula e com dois andares. As restantes cabanas, estão muito degradadas bem como os currais ou bezerreiras.
Continuamos na direcção da branda de Avelar a corta mato, uma vez que a vegetação tapou os antigos carreiros. Esta branda fica no Couto Grande na encosta oposta à Costa da Escada, que constitui a vertente Sul do Ramiscal. Continuamos para além do curral, para observarmos a junção do Arroio com o Ramiscal, tarefa que requer algum esforço no regresso pois o declive ainda é considerável. A paisagem para o lado de Avelar, Lordelo e Cabreiro é magnífica, distinguindo-se com facilidade a branda do Rodrigo, e também o vale por onde corre o rio Ramiscal. As giestas invadiram há muito a branda do Avelar com a maioria dos abrigos em processo de ruína. Torna-se até difícil aceder às cabanas, devido à densidade daquelas. Uma pereira brava junto às cabanas de maiores dimensões permite a orientação no meio do giestal. Almoçamos virados para a margem esquerda do Arroio, tentando identificar os diversos caminhos que vindos da Lombadinha trilham aquela vertente. Um deles chega mesmo até ao rio, parecendo o melhor acesso à branda de Montelos.
Regressamos a meia encosta para passarmos perto desta última branda, e mesmo assim fartámo-nos de subir a encosta até encontrarmos local para atravessarmos uma linha de água e atingir as primeiras cabanas de Albar. Para surpresa nossa, quando estavamos próximo do Fojo da Cabrita ( no caminho de regresso ) apareceu um rebanho da Lombadinha. O pastor confirmou-nos aquilo que receávamos. As brandas não são utilizadas e os grandes rebanhos foram vendidos. Preferem caminhar grandes distâncias, mas recolher à povoação. Enquanto conversávamos, o rafeiro de serviço ao rebanho, de seu nome "Francês", fazia tentativas para nos morder nas canelas, pelo que apressamos o regresso.
Depois do Fojo continuamos na direcção de Bostelinhos, atalhando até ao estradão florestal. Depois, foi seguir o caminho velho até junto de uma centenária carvalheira, seguindo de novo por um caminho que evita a travessia do aldeamento.
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