sexta-feira, 17 de abril de 2009

A floresta mista de Miranda



18 Abril 2009
Distância percorrida : Cerca de 12,5km
Grau de dificuldade : Fácil /Moderado
Âmbito do percurso Paisagístico
Cota máxima atingida : cerca de 826 m


O percurso atravessa as terras de Miranda, espaço montanhoso onde predominam lameiros e campos de cultivos, aos quais se junta em companhia harmoniosa um bosque misto, plantado pelo Estado Novo nos anos 40. Este magnífico pulmão verde, protege-se dos ventos dominantes pela vertente sul da Paisagem Protegida do Corno de Bico (PPCB), tendo sido florestado na mesma época, constituindo a denominada Mata Nacional (MN).
Ainda hoje não é difícil identificar os marcos em granito com as siglas MN. O seu plantio fez-se a partir dos viveiros do Grandachão, hoje abandonados, assim como a casa da Guarda Florestal e anexos.
Miranda, freguesia do concelho de Arcos de Valdevez, teve mosteiro beneditino – Mosteiro de Santa Maria de Miranda ( século XII ou inícios do século XIII ) do qual poucos vestígios restam, tendo sido fundado por S. Frutuoso, arcebispo de Braga. Foi D. Sancho I quem instituiu o couto daquele mosteiro. A igreja, ainda apresenta vestígios de um românico tardio, mas com as sucessivas alterações, encontra-se muito desfigurada. Adossada, encontra-se a casa da Comenda, que em 1590 substituiu o mosteiro, podendo observar-se um portal em granito, com armas seiscentistas.
São terras de forte apetência agrícola e pecuária e de grande beleza, sulcadas por pequenos cursos de água, sabiamente utilizados para o regadio. Nos cimos fica a floresta mediterrânica e alguns aldeamentos, com a típica arquitectura rural das zonas montanhosas.
A floresta, apresenta na Primavera e Outono uma panóplia de cores, graças às diferentes espécies vegetais, onde predomina o carvalho, o castanheiro e a bétula, em companhia dos inúmeros bosques ripículas que protegem uma fauna variada e dão cobertura a pequenos regatos, que furam por todo o lado, recortando campos e lameiros até chegar às poças de rega. Numa zona de cota mais elevada, situam-se os “ Penedos do Castelo “, de acesso muito difícil, para onde a população se deslocava no caso de ataque.
Não muito longe dos caminhos por onde passaremos, está a antela da cruz vermelha, marco divisório dos concelhos de Ponte de Lima, Paredes de Coura e Arcos de Valdevez, atestando ainda a antiguidade da ocupação destes espaços de montanha.




Na mata de Miranda, pelos trilhos do Gavião




À medida que ajustávamos as mochilas o primeiro olhar foi para os lados da Peneda e Amarela. Uma intensa bruma escondia as encostas, muito abaixo da linha de cumeada, não augurando nada de bom. A primeira paragem, fez-se no café da aldeia para cumprimentar o seu proprietário, pausa que alguns aproveitaram para matar o “vício”.
Depois, foi subir junto aos campos de cultivo e prados de feno, acompanhando o pequeno vale desenhado em conjunto pela natureza e aperfeiçoado pelo trabalho de gerações. Parámos de novo no entroncamento com o estradão florestal, onde aguardámos os mais atrasados e também o nevoeiro, que resolveu juntar-se ao grupo.

Entrámos então no interior do bosque, seguindo um estreito trilho que corre sinuoso, até à plataforma do penedo do Gavião. O caminho é belíssimo, sempre sob a copa do arvoredo. A passarada habitualmente muito activa, faltou porém ao encontro, mais preocupada com o tempo que se fazia sentir. Já com os impermeáveis vestidos, avistámos apenas alguns garranos a protegerem-se. Mais à frente, tomámos o caminho virado a norte, traçado no meio de um extenso bosque de vidoeiros, palmilhando um alcatifado caminho com tons esverdeados, até perto de uma minúscula nascente.
Continuámos sob a copa das árvores, subindo lentamente por um caminho de pé posto na companhia da linha de água que se forma para nascente do penedo do Gavião. Satisfazendo a curiosidade de alguns, fomos visitar a antela da Cruz Vermelha, local onde se encontram os concelhos de Ponte de Lima, Paredes de Coura e Arcos de Valdevez.
O nevoeiro, tornou-se ainda mais espesso, pelo que após a foto do grupo, regressámos ao percurso previsto. Um pouco mais à frente, e depois de várias tentativas escolhemos o local para almoçar. Além do “ice tea” do Manuel Ramos, o repasto estava delicioso. Porém, como tudo que é bom acaba depressa, a chuva intensificou-se e o que era previsto ser saboreado com dignidade, esfumou-se mais depressa do que um cachorro quente em madrugada festiva.
Após esta curta refeição, iniciámos o regresso caminhando para sul na direcção das Chãos. Com o tempo um pouco mais claro, aproveitámos para observar a extensa mancha de copas coloridas que constitui o bosque do viveiro do Agrochão, mãe de toda esta floresta. Por um estreito caminho entre bouças, sempre a descer, atingimos o local de partida. Foi pena que os belos trilhos que pisámos, linhas desajeitadas, por vezes quase imperceptíveis, não pudessem ter sido apreciados com melhores condições climatéricas, aspecto para o qual não foi possível obter a colaboração do S. Pedro.

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