
A Marcha do Penedo do Macaco, a efectuar na região de Paredes de Coura, tem uma extensão de 14 km e é classificada como Fácil.
O percurso atravessa as terras de Miranda, espaço montanhoso onde predominam lameiros e campos de cultivos, aos quais se junta em companhia harmoniosa um bosque misto, plantado pelo Estado Novo nos anos 40. Este magnífico pulmão verde, protege-se dos ventos dominantes pela vertente sul da Paisagem Protegida do Corno de Bico (PPCB), tendo sido florestado na mesma época, constituindo a denominada Mata Nacional (MN).
Ainda hoje não é difícil identificar os marcos em granito com as siglas MN. O seu plantio fez-se a partir dos viveiros do Grandachão, hoje abandonados, assim como a casa da Guarda Florestal e anexos.
Miranda, freguesia do concelho de Arcos de Valdevez, teve mosteiro beneditino – Mosteiro de Santa Maria de Miranda ( século XII ou inícios do século XIII ) do qual poucos vestígios restam, tendo sido fundado por S. Frutuoso, arcebispo de Braga. Foi D. Sancho I quem instituiu o couto daquele mosteiro. A igreja, ainda apresenta vestígios de um românico tardio, mas com as sucessivas alterações, encontra-se muito desfigurada. Adossada, encontra-se a casa da Comenda, que em 1590 substituiu o mosteiro, podendo observar-se um portal em granito, com armas seiscentistas.
São terras de forte apetência agrícola e pecuária e de grande beleza, sulcadas por pequenos cursos de água, sabiamente utilizados para o regadio. Nos cimos fica a floresta mediterrânica e alguns aldeamentos, com a típica arquitectura rural das zonas montanhosas.
A floresta, apresenta na Primavera e Outono uma panóplia de cores, graças às diferentes espécies vegetais, onde predomina o carvalho, o castanheiro e a bétula, em companhia dos inúmeros bosques ripículas que protegem uma fauna variada e dão cobertura a pequenos regatos, que furam por todo o lado, recortando campos e lameiros até chegar às poças de rega. Numa zona de cota mais elevada, situam-se os “ Penedos do Castelo “, de acesso muito difícil, para onde a população se deslocava no caso de ataque.
Não muito longe dos caminhos por onde passaremos, está a antela da cruz vermelha, marco divisório dos concelhos de Ponte de Lima, Paredes de Coura e Arcos de Valdevez, atestando ainda a antiguidade da ocupação destes espaços de montanha.
Na mata de Miranda, pelos trilhos do Gavião
À medida que ajustávamos as mochilas o primeiro olhar foi para os lados da Peneda e Amarela. Uma intensa bruma escondia as encostas, muito abaixo da linha de cumeada, não augurando nada de bom. A primeira paragem, fez-se no café da aldeia para cumprimentar o seu proprietário, pausa que alguns aproveitaram para matar o “vício”.
Depois, foi subir junto aos campos de cultivo e prados de feno, acompanhando o pequeno vale desenhado em conjunto pela natureza e aperfeiçoado pelo trabalho de gerações. Parámos de novo no entroncamento com o estradão florestal, onde aguardámos os mais atrasados e também o nevoeiro, que resolveu juntar-se ao grupo.
A introdução do milho nas montanhas do noroeste, provocou profundas alterações na organização do espaço serrano, obrigando ao cultivo daquele cereal nas terras mais baixas. Após as sementeiras, era então necessário deslocar o gado para os cimos aplanados, cujo solo tinha pouca aptidão para a agricultura mas, em contrapartida, ofereciam excelentes condições para a pastorícia. Estas deslocações para os altos da serra, ganhavam grande amplitude no Verão, designando-se aqueles lugares, por brandas de gado. Da mesma forma, os campos de cultivo a cotas elevadas e respectivas “habitações”, deram origem às brandas de cultivo. O assunto é mais complexo, mas não é o nosso objectivo aprofundar a questão, uma vez que existe documentação que trata este tema de forma muito completa.