Extensão – cerca de 23 km
Data ---------- 2011/07/23
Data ---------- 2011/07/23
No imaginário do povo do Alto Minho, há um carinho muito especial pela Senhora da Peneda. Nos momentos mais difíceis da vida, o povo recorre à proteção desta santa milagrosa, transformando o santuário num dos mais concorridos do norte de Portugal. Os vizinhos galegos, nomeadamente os da raia seca, dedicam-lhe também uma grande devoção. Nos tempos que correm, outros romeiros têm procurado o mesmo local, quer para a prática da escalada quer à descoberta dos trilhos que abundam pelas redondezas. Por isso, ninguém se espante, se encontrar no adro daquele santuário ou na imensa escadaria, romeiros, escaladores e gente da caminhada em perfeita convivência. Embora os locais de culto sejam vizinhos, não apresentam porém grandes afinidades. Foi este o local donde partimos para a segunda etapa da travessia da serra, cujo percurso marcado não foi religiosamente seguido. No intuito de reduzir caminho, evitamos a passagem por Lamas de Vez e o caminho que desde o Furado, segue sobranceiro ao rio Vez.
Juntou-se ao grupo um rafeiro local, prontamente batizado pelo nome de “Pirolito”. Cheirou, tornou a cheirar, andou de volta e sem pedir autorização, adotou-nos. Subiu na nossa companhia a íngreme calçada até à represa da Chã do Monte, verdadeiro “rebentão” , como o de Santa Maria de Bouro. Continuamos pelo velho trilho entre a Pedra Rajada e o Penameda, primeiro pela zona aplanada e mais à frente iniciando a descida às poldras do rio Pomba, que rompe por um magnífico vale. No rio, o canídeo resolveu tomar banho, para gáudio do grupo. Continuou, mostrando-nos o caminho até S. Bento do Cando. Impaciente com o nosso reduzido andamento, esperava-nos ou retrocedia, quem sabe para ter a certeza de que não nos tínhamos perdido. No Cando, secular local de paragem obrigatória dos monges que se dirigiam ou procediam do mosteiro de Fiães para o do Ermelo, efetuamos a primeira paragem, no café local. Ou porque ninguém lhe tivesse dado de comer, ou porque excedia a partir dali o seu raio de ação, o “Pirolito” desapareceu, sem se despedir do grupo. Ninguém mais o viu. No regresso ao parque do santuário, onde fomos buscar as viaturas, procuramos de novo, mas não havia sinais do nosso “amigo”.
Continuamos até à branda das Buzegalinhas, onde a azáfama nos pequenos prados era intensa, recolhendo-se o feno. Em conversa com a gente da branda, certificamo-nos de que poderíamos reduzir uns quilómetros ao percurso. Numa sombra perto do estradão florestal que vem do Batateiro, paramos para almoçar. Evitando a passagem por Lamas de Vez, e também parte do caminho que vai à branda do Real pela Garganta de Eiró, atalhamos, passando o Vez mais para jusante, nas poldras do Calcado. Após um breve corta mato, encontramos de novo o caminho “oficial”, poupando cerca de 3 km.
A branda de Real está há muito abandonada, mas algumas das suas cabanas são diferentes de todas as outras da serra da Peneda. Escolhemos a mais sugestiva e em melhor estado, para a foto do grupo.
Seguimos para o Furado tendo por companheiro a parte glaciar do vale do rio Vez, avistando-se durante muito tempo as moreias laterais e também as brandas da Aveleira e St. António de Val de Podros. No terraço lateral dos Lameirões, junto a uma fonte, aproveitamos para encher os cantis e descansar.
Optamos, por utilizar o caminho que liga à Costa do Salgueiro, fugindo de novo ao percurso marcado. Sobe-se à ilharga do Alto da Preguiça, e depois da travessia da linha de água que nasce perto daquele outeiro, continua-se por uma zona aplanada, rocha nua de granito antigo e pouca vegetação, até à Costa do Salgueiro.
Muito perto está a branda da Lapinheira, onde os trabalhos agrícolas decorriam a bom ritmo. Finalmente ouvimos um carro de bois com o eixo a “cantar”, o que não é fácil encontrar nos dias que correm. Avançamos pelo caminho, até encontrar de novo o trilho marcado, que seguimos através de Porta Cova e Padrão, para terminar no Sistelo.
Regressamos à Peneda para recuperar as viaturas que lá deixamos, confraternizando no restaurante – O Borralho – situado na antiga vila do Soajo, onde ficou definitivamente demonstrado - que quem não é para andar também não serve para comer e muito menos para Trepamontanhas.