segunda-feira, 18 de abril de 2011

Serra de Santa Isabel – PR2 - Trilho do Castelo de Bouro

(Santa Isabel do Monte – Campos Abades – Seara – Castro – Castelo – Encosta de Ortigueira – Castro - Seara – Portela – Campos Abades – Santa Isabel do Monte).

Extensão--------14,8 km
Data ---------2011.04.16

          Foi por muito pouco, que não assistimos ao ataque do lobo a um extenso rebanho, junto ao Castro, onde se situa o V.G. do Piorneiro. Pelo que nos informou o pastor, aquele sítio arqueológico é a pousada dos lobos na serra. Aconteceu no caminho de regresso, quando ouvimos algum alarido para aqueles lados. Junto à linha de água que se forma abaixo da pequena portela do Piorneiro, o pastor prestava os cuidados possíveis ao animal que foi atacado.
          O nome do trilho deriva doutro sítio arqueológico, denominado Castelo de Bouro, que remata uma zona de rechãs e esporões de altitude, numa paisagem granítica onde predomina o granito de Bouro. São visíveis diversas geoformas, que resultam da longa exposição aos ventos dominantes, além de magníficos “ thors “ e caos de blocos. Trata-se de um castelo roqueiro do período da reconquista, com as mesmas características do de Aboim da Nóbrega, Neiva e Fraião. Todos eles apresentam zonas inacessíveis ou quase, facilitando a defesa.
          Nas rechãs drenadas por inúmeras linhas de água, abundam as zonas de pasto, daí encontrarmos diversos rebanhos além de outros animais. Até à Seara, o trilho desenvolve-se pelos caminhos entre bosques e campos de cultivo, para depois se fazer à serra, mostrando-nos o curso mais elevado do rio Homem bem como as cumeadas mais conhecidas da Amarela e do Gerês. Olhando para Norte também é possível observar lá no alto, Mixões da Serra e algumas aldeias sobranceiras a Terras de Bouro.
          O regresso, com uma forte subida inicial, vale pela paisagem, que é quanto a nós a mais bela do percurso. A depressão da ribeira de Freitas separa-nos do Tonel e da Calcenónia, além de nos mostrar o caminho do rio Caldo até ao lago da Caniçada. Prolongando a visão, encontramos o Sameiro e a cidade de Braga, sem grande dificuldade.
          Por qualquer motivo deixamos de observar as marcas do trilho e só as voltarmos a ver junto a um abrigo pastoril – “pala”, para desaparecerem novamente. A partir daqui, deixamo-nos de preocupar com o seu traçado, caminhando de forma a podermos passar à ilharga do “ Castro do Piorneiro “, decisão que nos permitiu não só encurtar o percurso, mas também observar os efeitos colaterais do ataque do lobo. Recuperadas as marcas do trilho, seguimos o percurso habitual até á igreja de Santa Isabel do Monte, local donde partimos.




 

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Serra do Gerês – Subida aos Carris pelo caminho das pedras

Extensão ------- 21,5 km ( Início e fim no parque da P. do Homem)
Data ---------2011.04.13

          A subida aos Carris, constitui uma das clássicas caminhadas da serra, bem conhecida pelos montanhistas. Por ali passam também as marchas de travessia. O percurso não tem que enganar, está descrito de diversas formas e por muita gente. Pouco mais se pode escrever, mesmo que seja para amaldiçoar aquele piso de pedras roladas, que torna o percurso cansativo. Contudo, é neste caminho que se observam algumas das mais belas paisagens do Gerês. Além disso, pode aproveitar-se para observar a morfologia do vale do rio Homem, com um perfil longitudinal em escada, representado logo no início do trilho pela piscina natural junto à ponte de S. Miguel e ainda os diversos vestígios subglaciários.
          Talvez seja porém altura, de recordar antigas caminhadas, que por este ou aquele motivo marcaram a nossa memória. A primeira vez que subimos aos Carris foi em 14 de Janeiro de 1995. Estava um daqueles dias que ninguém costuma encomendar, com chuva miudinha e nevoeiro, alem do frio que se fazia sentir. As edificações das minas, ainda tinham os telhados, pelo que almoçamos abrigados, num dos edifícios perto da capela. Não vimos quase nada, pois o nevoeiro era intenso, mas recordo-me de termos contornado a represa. Ficou o apetite para novas aventuras, e mais tarde para as travessias da serra. Em Janeiro de 1999, um de nós furou a sola da bota antes de atingirmos a ribeira do Madorno, e não ouve outra alternativa senão andar com a bota furada, pisando a cascalheira. Pouco tempo depois, numa marcha de travessia com o amigo Jorge Ribeiro, partimos muito tarde de Pitões. Ainda passamos junto ao Pico da Nevosa com alguma luz, mas depois das Abrótegas tivemos de usar os frontais. Apesar de ser um utensílio para andar sempre na mochila, poucos o tinham consigo, pelo que até à Portela do Homem, ainda houve uns valentes trambolhões. Em Julho de 2005, um amigo pouco habituado a percursos do género, fez-nos companhia em nova travessia. No total éramos quatro. Até à ribeira das Negras, a coisa andou. Ao chegar à portela dos Cornos de Candelas, quando se avista o S. João da Fraga, a fadiga atacou-o. Pensamos que teríamos de pernoitar na serra. Valeu porém o Red-Bull do João Vieira e a água dalguns ribeiros. Foi com a ajuda desta bebida “ milagrosa” que  conseguimos chegar a Pitões ainda com dia, apesar das imensas paragens.
          É com satisfação que verificamos terem recuperado o abrigo pastoril na Chã das Abrótegas. O desvio para os Cocões do Coucelinho lá está à beira da ponte, que ainda conhecemos em madeira, assim como a das Águas Chocas. Estamos certos de que ainda são os mesmos mariolas que nos guiaram há um bom par de anos, num belo tour até às minas do Borrageiro. Na Chã do Teixo, ou seja no local da confluência do rio Homem com Corgo do Salgueiro da Amoreira, nunca vimos um único exemplar daquela espécie. Em contrapartida pareceu-nos que o bosque de Pinus sylvestris se tem expandido e está exuberante. Do resto tudo igual, com os edifícios das minas em estado lamentável e mais lixo no trilho do que há 16 anos, apesar da apertada vigilância que hoje existe.