segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Trilho do Sarrabulho.


(Bertiandos – Ecovia do rio Lima  – Ponte de Lima – Antigo Caminho da Feira - Balada – Bertiandos ).

Data …………………….. 2011.02.12
Extensão ……………..Cerca de 12 km

          Desde há muito que a comunidade Trepamontanhas, ansiava por uma “caminhada sem movimento”. As pressões eram inúmeras e frequentes. Nos corredores, havia até quem nos acusasse alto e bom som de que nada fazíamos para resolver este problema. E mais – que fazíamos parte dele e não da solução. De nada valeu recordar-lhes que foi a caminhar que o homem se espalhou pelo planeta. Também não estiveram interessados em reflectir sobre as razões porque consomem muito do seu tempo, sentados no interior da viatura. Convenhamos que alguma razão lhes assistia. Se olharmos para alguns exemplos da vida animal, verificamos que o coelho apesar de estar em constante movimento, tem uma esperança de vida de cerca de 15 anos. Em contrapartida, a tartaruga, que pouco ou nada se movimenta, tem uma esperança de vida muito superior. Nestas coisas, não vale a pena ser ortodoxo, sendo preferível encarar e aceitar a realidade, tal como ela é.
          Optamos por solução que nos pareceu pacífica, em que as pernas ficam quietas debaixo da mesa, assumindo aqui o principal papel pedestrianista a gastronomia. Os sabores e os aromas, destacam-se desta forma como verdadeiro vector da locomoção. Não se julgue que é tarefa fácil, pois é imprescindível reunir um número mínimo de “ marchantes” como determina a jovem Confraria do Sarrabulho. Contrariar tal preceito, é considerado um acto de rebeldia e desobediência, que pode levar à excomunhão!!!
          Após uma breve visita ao Miliário de Bertiandos, arrancamos sem mochila, coisa inimaginável em gente da montanha! Na mira, estava uma das seis maravilhas gastronómicas do Alto Minho. “ Batiam” as 11 horas no relógio de sol, quando apontamos à ecovia, que acompanha a margem direita do rio até à vila.
          A caminhada foi calma e repousada, até ao monumento evocativo da lenda do rio Lethes. Com o pessoal muito irrequieto, conseguimos tirar a foto oficial, mantendo-os arrumados entre o cavalo e o general romano.
          Dirigimo-nos ao troço romano da ponte, para observamos a sua cantaria almofadada. Atravessamo-la, sem nos passar despercebido o cruzeiro que delimitava as dioceses de Braga e Tui. Prosseguimos, com uma breve visita ao casco urbano.
          Na tasquinha dos Telhadinhos, fizemos uma pausa para que as senhoras pudessem discutir a ementa da Márcia. Foi um regalo vê-las interessadas em tão rica e deliciosa gastronomia! Sorrateiramente, desviamos o grupo até ao local onde está a estátua do Conde de Aurora e encaminhámo-lo para o Manuel Padeiro, uma das catedrais gastronómicas da vila mais antiga do país.
          Num ambiente acolhedor e com um serviço eficiente e simpático, os amantes da boa mesa, tiveram uma grande caminhada pela frente, da qual se safaram com distinção. Habituado a tarefas exigentes, o grupo deu sumiço a tudo o que vinha para a mesa, com mais rapidez que um falcão peregrino, em dia de caça! O tempo dilatou-se, a ponto de não darmos pelo passar das horas, como resultado do convívio e da qualidade da boa mesa minhota.
          Regressamos ao ponto de partida, pela estrada velha, seguindo o antigo caminho da feira. Foi por este velho itinerário, descrito pelo saudoso José Rosa de Araújo, insigne arqueólogo, escritor e etnógrafo, que atingimos o largo da igreja de Santa Comba. Abandonamos aqui a velha estrada, para nos dirigirmos a Bertiandos. No regresso a Viana do Castelo, a 4L do Quintas, cuja proveta idade não aconselha uma autonomia acima dos 10 km, rompeu o cabo do acelerador, por volta do nó de Nogueira. Não fosse o talento do Zé Carlos, o Quintas tinha regressado a casa na cabine do pronto-socorro.
Com esta experiência aprendeu certamente a lição, de que o material tem sempre razão.

Nota – A redacção deste texto não segue o determinado pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 16 de Dezembro de 1990.





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