Grau de dificuldade - Moderado
Extensão - cerca de 14,3 km
Data - 03 de Outubro de 2009
Quem conhece a serra, está habituado a mudanças frequentes nas condições climatéricas, pelo que foi sem estranheza que a neblina, nossa companheira desde Viana até Mezio, desse lugar a um belo dia para caminhar.
Partimos da antiga branda da Travanca (pertença do lugar de Bouças Donas) hoje transformada em parque de campismo. Subimos pela antiga calçada até aos Currais Velhos. Nesta calçada e na encosta por onde rompe, assiste-se a uma infestação progressiva pela giesta, cuja erradicação deveria fazer parte das preocupações do PNPG..
Continuámos até a uma pequena rechã que recebe o muro que vem do Guidão. Esta construção deve-se às populações serranas, para evitar que o gado invadisse os terrenos florestais, ficando sujeitas a pesadas multas.
Derivámos então para SE no sentido de visitarmos a branda da Cova.
Em tempos mais recuados, quando havia transumância, o gado do Soajo, a partir da época das sementeiras, era conduzido para esta branda pastando nas suas imediações até ao dia de S. Bento. A partir desta data, os brandeiros deslocavam-no até às rechãs da Peneda, pastando até aos finais de Agosto, regressando de novo à branda. Um direito muito antigo, obrigava as outras aldeias da serra a retirarem o gado da cumeada, para o pastoreio dos do Soajo.
Actualmente não será assim, mas ainda havia bastante gado, que curiosamente veio ao nosso encontro, talvez por estar habituado à presença dos pastores. Além da cabana principal "dotada de algumas comodidades ", há imensas cabanas abandonadas com o tecto em falsa cúpula e as respectivas bezerreiras. O desmoronamento devido à intempérie e o abandono, são os sinais mais visíveis dos tempos que vivemos. Proliferam na zona e na encosta do Guidão diversos blocos graníticos com fracturas poligonais e outros de maiores dimensões apresentando fenómenos de pseudo - estratificação, aspecto que não nos passou despercebido.
Seguimos para a branda dos Cobernos por carreiro antigo que nos leva às cabanas, onde fizemos uma paragem para recuperar forças e observar as brandas que ficam na margem direita do Rio Grande (mais à frente toma o nome de Ázere). A cabana principal adaptada numa lapa, está em muito más condições, salvando-se as que ficam sobranceiras àquilo que seria um excelente bosque de cedros, se não tivesse sido chamuscado no último incêndio.
Ultrapassada a branda atravessamos o rio e atalhamos para o estradão florestal que liga a portela do Mezio a Lamas de Mouro. Passamos à ilharga do Bicos, muito perto das brandas da Piorneda, Chã da Portela e Burzavó.
Nos cortes do estradão florestal, na descida para a Burzavó, pudemos observar depósitos de origem periglaciar, denunciando que esta zona esteve na periferia da glaciação da serra. Terminámos na Travanca já com o tempo a mudar para chuva, facto que se concretizou cerca de duas horas mais tarde.
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