Vila Verde brinda-nos com uma paisagem bucólica, que se estende desde as várzeas do Cávado e Homem até à área montanhosa, onde os núcleos rurais se concentram e os vestígios da vida comunitária não foram de todo esquecidos. Talvez o termo Vila Verde, pretenda traduzir o casamento entre uma natureza cheia de vigor e bucolismo, salpicada de pequenos núcleos rurais com identidade arquitectónica e onde as tradições continuam a ser preservadas.
Não é porém tudo, uma vez que neste belo território onde se forjam os “ Lenços dos Namorados” há imensas descobertas a fazer. Impunha-se um percurso que nos levasse não só a percorrer a paisagem e respirar a plenos pulmões, mas também a conhecer lugares que a Natureza se encarregou de fazer chegar até aos dias de hoje, carregados de tradição e história.
Não é a primeira vez que caminhamos nestas paragens, o que facilmente se verificará, consultando o blogue, nem certamente será a última. Depois do “Dente Santo de Aboim da Nóbrega”, do “ Castelo de Aboim” e do “ Fojo de Gondomar”, fomos de visita ao pequeno e rústico Santuário de Mixões da Serra, trepando as encostas da serra do Galinheiro, onde o vento, a chuva e o nevoeiro marcaram presença.
É este o palco para uma tradição de cariz popular relacionada com a proteção do gado, pedido feito a Santo António pelos pastores das redondezas, quando a peste e os lobos dizimavam os rebanhos. Anualmente agricultores e criadores de gado, sobem a serra para a tradicional bênção, ritual que se cumpre no domingo anterior ao dia de Santo António.
No final tivemos o convívio em Pico de Regalados, de cuja organização se encarregou o companheiro Pimenta. Recordamos que foi na freguesia de Turiz que nasceu em 1834, o famoso Abade de Priscos, inventor do famoso Pudim, reconhecido mestre entre os mestres da culinária.
Por Mixões da Serra, passava a rota da Sardinha Salgada. Caminho perigoso, palmilhado por sardinheiros, contrabandistas e mais tarde pela emigração clandestina a caminho de França. Esteve muito activo durante o período da I Guerra Mundial e manteve-se até aos anos sessenta. Por ele, além da sardinha salgada, passavam-se produtos entre os dois lados da fronteira. Quem vinha da Galiza, fugia à fronteira da Madalena e fazia-se à serra Amarela, itinerário menos vigiado.